CICLOTURISMO nos ALPES, na ÁUSTRIA
Reportagem publicada pela REVISTA CICLOMAGAZINE em 1999 sobre a viagem de cicloturismo nos ALPES, na ÁUSTRIA
Antonio Olinto percorre região dos Alpes na Áustria
A aventura já faz parte da vida do cicloturista Antonio Olinto que, desta vez, pedalou por um dos mais tradicionais circuitos da Áustria, após ter percorrido 34 países, num total de 46 mil quilômetros, entre Europa, África, Ásia e América.
Ciclista que deu a volta ao mundo de bicicleta, após percorrer 34 países e passar por algumas das rotas mais famosas do mundo como o “Caminho de Santiago”, a “Rota da Seda”e a “Road 66”, tudo registrado no livro sob o título “No Guidão da Liberdade”, faz um dos circuitos mais tradicionais da Europa, com a intenção de conhecer um pouco da história de Mozart e Beethoven. Pela primeira vez, Antonio Olinto pedalou pelas montanhas austríacas cobertas de neve, em altitudes bastante elevadas e por ciclovias ladeadas de campos floridos. Mas antes de iniciar este circuito, Olinto esteve representando o Brasil na maior conferência internacional sobre bicicletas, a Velocity/99, realizada na Áustria.
A aventura na Áustria começou pelo circuito Tauern Bike Path, por onde costumam passar mais de 70 mil ciclistas por ano, onde Olinto pode rever locais históricos em que os músicos Beethoven e Mozart realizavam passeios frequentes em busca de inspiração para suas composições. “Visitar esta região é relembrar a história de vida destes importantes compositores da música clássica, responsáveis por obras inesquecíveis”, conta Olinto.
O cicloturista teve a oportunidade de pedalar pelos mesmos lugares onde viveram estes músicos. Em Viena, por exemplo, Beethoven criou a “Quinta Sinfonia”; em Baden ele compôs a “Missa Solene” e parte da “Nona Sinfonia”. Já o outro gênio da música, Mozart, que nasceu em Salzburg, compôs também em Baden a “Ave Verum”.
Olinto fez uma viagem de 11 dias e pedalou 645,6 km, sendo que a maior parte do percurso foi feito por ciclovias entre cidades e pequenas vilas como Mödling, Salzburg, Wald, Kimml e Graz. “Nunca experimentei nada assim. Acho que até mesmo a mais sedentária das pessoas não só iria apreciar este percurso, como teria pleno condicionamento físico para isso”, afirma.
Ao passar pelo Oeste da Áustria, na cidade de Wald, já nos Alpes, Olinto pedalou entre as montanhas até a divisa das províncias de Salzburgo e Tirol, chegando ao Passo Gerlopas, com 1628m de altitude. Segundo ele, as avalanches assolaram a Áustria este ano. Mesmo na primavera Olinto comenta que ainda presenciou a precipitação de neve no topo do passo.
Olinto foi contemplado ainda com um trajeto deslumbrante cheio de descidas e paisagens diversificadas ao longo do Rio Danúbio, devido às montanhas nevadas e aos campos floridos no período da primavera. “Viajar pela Áustria é muito interessante porque podemos pedalar pelos vales planos entre as altas montanhas nevadas. Diante de um cenário tão belo como este, nem dá para ficar cansado”, constata o cicloturista.
Logo depois de Salzburg, em Liz, de acordo com Olinto, o percurso deixou de ser feito pelas montanhas e passou a margear o Rio Danúbio, atravessando Aggsbach Dorf, Klosterneuburg, Modli e Enns, a cidade mais antiga da Áustria. “Pensei que ao pedalar em estrada plana seria entediante, mas a beleza dos campos floridos minimiza qualquer desgaste físico”, ressalta.
Visitas a museus, palácios e lagos também fizeram parte do roteiro do passeio. Em Graz, por exemplo, Olinto conheceu uma das maiores coleções de armaduras do mundo. “O museu é único, pois sua sede é o próprio paiol onde o equipamento bélico era armazenado a princípio”, destaca.
Já finalizando o percurso, na cidade de Zell, Olinto parou para um merecido descanso diante da beleza do famoso lago que existe lá. E, em Bad Ischl, outra pausa, desta vez para visitar o palácio onde o Imperador da Áustria realizava suas caçadas durante o verão.
DICAS do OLINTO:
Para os aventureiros interessados em repetir o circuito, Olinto dá algumas dicas. No início da viagem, a bicicleta deve estar embalada para ser transportada no avião. Depois, nas viagens de metrô e trem, a bicicleta pode estar montada. O viajante deve ainda levar uma câmara de ar reserva, bomba e remendo para uma eventual troca de pneu. Problemas maiores na bike podem ser resolvidos nas oficinas de grande porte que existem no trajeto. Outro detalhe, só sair do Brasil com a bicicleta revisada e bem equipada. O condicionamento físico também não é tão necessário. Apenas no percurso da neve. Já na ciclovia, qualquer ciclista principiante pode pedalar por várias horas, sem se cansar. Aliás, a estrada é ótima e proporciona um passeio agradável, sem risco. A velocidade média diária pode oscilar entre 15 e 20 km por hora, perfazendo um total de 80 km em cinco horas por dia. Para as pernoites, existem várias pousadas e pensões no percurso, com diárias em torno de 30 a 40 dólares.
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Publicação original na Revista Ciclomagazine em 1999