PACOTE PARA VIAGEM
COMO EMPACOTAR A BICICLETA PARA TRANSPORTAR NO AVIÃO OU ÔNIBUS

PACOTE PARA VIAGEM
Matéria publicada na REVISTA BICICLETA | Edição 09 | setembro/ 2011
Uma das facetas de uma grande viagem de bicicleta que menos nos agrada é desmontar a bicicleta para despachar em algum tipo de transporte coletivo. Se estivermos começando a viagem, ainda estamos empolgados e esquecemos o quanto ficamos contrariados, mas na volta, essa atividade parece uma punição por não voltar até em casa pedalando.
Nossa filosofia é que bicicleta foi feita para pedalar e nos levar aos lugares e não para ser levada por outro veículo. Mesmo assim, com frequência utilizamos transporte coletivo para nos levar às regiões onde pretendemos começar a pedalar.
Muitos são adeptos da utilização dos chamados “mala-bike”, especialmente fabricados para transportar bicicleta. Alguns deles, os que realmente prendem as partes da bicicleta e têm alguma estrutura para protegê-las, podem ser eficientes, entretanto, ao chegar ao destino se transformam em um peso morto. A solução é despachar o “mala-bike” por posta restante* e retirar no local de término da viagem. Existem “mala-bike” com volume reduzido que podem ser carregados pelo cicloturista em uma viagem pequena, mas mesmo com pouco volume ainda tem peso inútil.
* Posta restante é um sistema utilizado pelos correios do mundo todo para entrega de objetos a pessoas que não têm endereço ou que moram fora do acesso dos correios.
Mesmo que você seja um adepto incondicional de seu “mala-bike” e que não veja nenhum problema nisso, um dia você resolve enviar seu “mala-bike” pelos Correios ao destino de sua viagem, mas por uma infelicidade ele não chega, o que fazer? A única solução é resgatar aquele MacGyver que tem dentro de você e empacotar sua bicicleta da melhor maneira possível.
Nunca utilizamos um “mala-bike” e nunca tivemos muito dó de nossas bicicletas, mas nem por isso deixamos de cuidar delas, pois, apesar de não nos preocuparmos com arranhões, não podemos nos dar ao luxo de deixar quebrar algo, visto que geralmente montamos a bicicleta no aeroporto (ou rodoviária) e saímos pedalando.
Existem várias formas de empacotar a bicicleta, gostaríamos de comentar os princípios básicos dessa operação.
A ideia é, com pouco esforço, diminuir ao máximo o volume da bicicleta, transformando esse veículo fenomenal em um pacote homogêneo, sem partes pontiagudas, assegurando a integridade do equipamento e de quem o transporta.
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Assista ao vídeo e veja na prática como embalamos nossas bicicletas:
Não se iluda com as simpáticas recepcionistas nos aeroportos, por mais que você escreva “frágil” no pacote, geralmente os volumes são tratados mais ou menos como o boneco de Judas em sábado de Aleluia. O pacote deve ser bem feito para que você possa utilizar sua bicicleta para sair do aeroporto.
Cada bicicleta tem características próprias, utilize a descrição a seguir como base:
– Retire o selim;
– Retire os pedais (macete: se for fazer essa operação em um aeroporto, verifique, ainda na cidade, se o parafuso não está emperrado, talvez sua pequena chave 15 não dê conta do recado. Para retirar os pedais gire a chave no sentido contrário de uma pedalada e para apertar gire no sentido da pedalada. Lembre-se disso e nunca vai errar qual pedal tem rosca invertida);
– Recoloque os pedais voltados para dentro;
– Retire o “macaquinho” (ou passador) se for possível com gancheira e tudo. Não se preocupe, essa operação não vai afetar a regulagem do câmbio (antigamente a gancheira fazia parte do quadro, atualmente é feita de material mais delicado para romper mais facilmente, protegendo o quadro e o “macaquinho” em um acidente);
– Retire os parafusos da parte inferior do bagageiro que o prendem ao quadro;
– Solte a “mesa” (peça que liga o guidão ao quadro) de forma que o guidão fique para baixo e em linha com o garfo, diminuindo o volume na altura e na lateral, conforme o caso poderá simplesmente retirar o guidão da mesa.
Até aqui, todo o procedimento pode ser feito com a bicicleta no descanso.
– Retire as rodas.
Pronto já está tudo desmontado, agora é só prender:
– O banco pode ser colocado embaixo do bagageiro ou logo acima, como na foto. Neste caso, aproveitamos para baixar o bagageiro, diminuindo o volume.
– As rodas ficam uma de cada lado do quadro com as catracas para dentro, no caso de freio a disco, deixe os discos para dentro, livres de pressão com outras partes da bicicleta. Faça isso de forma que as rodas fiquem deslocadas para trás e abertas na parte que tocam o chão, pois, junto com o garfo, serão os três pontos de sustentação do pacote no chão e terão que estar equilibrados para ficar em pé. É obrigatório murchar os pneus para viajar de avião, mas deixe neles uma boa quantidade de ar, pois isso vai facilitar para preencher no destino e manterá tensionada as amarras, além de amortecer alguns choques.
– O “macaquinho” e a corrente ficam presos na parte interna onde ficava a roda, sobrando espaço para colocar caramanholas ou alguma outra coisa que desejar, como por exemplo os eixos do quick release.
– Tudo isso deve ser bem fixado com cinta plástica (também conhecida como “engasga gato”) ou barbante – nada pode se mover, o conjunto deve ficar rígido:
Depois é só empacotar com plástico (que pode ser de saco de lixo, ou bolha) e/ou papelão, atando com fita adesiva.
Por último costumamos fazer uma alça com uma fita qualquer (ou cordão) presa em dois pontos do quadro para poder carregar a bicicleta no ombro. O importante é que o cicloturista possa carregar sozinho todo seu equipamento de uma única vez e ainda ter uma mão livre.
Assim como outros colegas utilizando outros sistemas, dificilmente tivemos problemas com o equipamento, tampouco fomos constrangidos a pagar excesso de bagagem*, pois o pacote fica com o comprimento do quadro mais meio guidão.
Todo o material utilizado para empacotar será descartado no local de chegada sem gastar energia com o envio de encomendas ou carregando peso morto. O bom é que todo esse material é fácil de ser encontrado, barato ou grátis.
*Atenção: As regras para cobrança do transporte da bicicleta nos aviões mudaram, e atualmente cada empresa tem uma forma de aplicar as orientações da ANAC. Consulte a forma de atuar da companhia aérea antes de comprar sua passagem.
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