Projeto de vida itinerante
Projeto de vida itinerante: como realizar seu sonho de trabalhar e viajar e as repercussões de nossas opções de vida.
Neste vídeo vamos contar como, começando com um projeto com crianças de ensino fundamental e o código de trânsito, conseguimos continuar vivendo como nômades e concretizar um projeto de vida itinerante depois da volta ao mundo de bicicleta.
Logo abaixo do vídeo você pode ler, na íntegra, a carta que recebemos do Marco, 23 anos depois desse trabalho.
Bom dia Olinto, bom dia Rafaela
Como vão vocês? Espero que bem, deixe me apresentar, meu nome é Marco, moro e sou nascido em Piraju-SP em 1987. Gostaria de me lembrar quando foi, talvez você se lembre Olinto, em que ano passou pela minha cidade quando fazia palestra, imagino que algo em torno de 1999, talvez.
Me lembro que respondi a um questionário sobre trânsito e bicicleta, retrovisor, campainha, refletor e coisas assim, eu me interessava muito sobre isso, lembro que me chamou ao palco e me deu uma camiseta. Por semanas fiquei fascinado com a ideia de ter estado com o cara que deu a volta ao mundo em bicicleta. Por mais esparsa que fosse minha ideia de mundo aquela época, ficava pensando naquilo, especialmente quando pedalava minha bicicleta.
Sempre usei a bicicleta como transporte até completar dezenove anos, foi quando comprei uma motocicleta, então abandonei a bicicleta por aquela “sensação de liberdade”, e mesmo por questões de custo. Quando se tem uma bicicleta de péssima qualidade e ela vive quebrando, notei que era mais barato andar de CG125, consumia pouco e quase nunca quebrava, foram tempos meio difíceis.
Pois é Olinto, posso afirmar que quando algo é verdadeiro nunca morre dentro de nós, os anos foram se passando, a internet trouxe muita informação e facilidades e eu pensava, “um dia ainda vou comprar uma bicicleta que seja boa o suficiente para não ficar quebrando.
Acho que a uns três anos atrás a internet me mostrou a novidade do aro 29’, logo imaginei “nossa, deve ser bom!”, Comprei um quadro e todas as peças para montar uma do jeito que eu queria, pedi o quadro 19 pois achava que seria mais estável e confortável. Fiquei super feliz ao tê-la concluído, sem ter experiência, achei que seria perfeita. Me enganei muito, ficou péssima, das recordações que tinha aquela era a pior bicicleta que eu tinha pedalado, totalmente sem ergonomia e desconfortável. Pois bem, depois disso fui buscar conhecimento na internet, pois não achava possível a bicicleta ter ficado tão detestável, pesquisei sobre ergonomia tamanho do quadro, ajuste do selim, bike fit e tal.
Foi quando o YouTube me mostrou “Olinto e Rafaela cicloturismo”, pensei, caramba, não acredito!
O Olinto da volta ao mundo que me deu a camiseta! Por onde esteve todos esses anos? Tenho que ver oque ele tem para me ensinar!
Novamente fiquei pensando por semanas, como foi lá na escola, contei logo a meu irmão em tom de surpresa, tipo, “Cara! Você não vai acreditar quem tem um canal no YouTube, o Olinto da volta ao mundo que me deu uma camiseta na 5º série!!!”
De lá para cá já assisti todos os seus vídeos sem exceção, talvez cinco vezes o “Sete passos andinos”, comprei o “No guidão da liberdade” e “Sete passos andinos”, os quais depois de ler pensei, fantásticos! Como gostaria de os ter descoberto muito antes! Meu irmão comprou “Entre salares e desertos” e os guias Paraná I e Circuitos do sul, nos tornamos grandes fãs de vocês, Olinto e Rafaela.
Já nos primeiros vídeos seus que assisti, você falou sobre tipos de bicicletas, como adaptar e tal. Na época não pensei duas vezes e procurei uma aro 26’, que tivesse um quadro bom com peças de qualidade, desta vez sabendo tamanho correto e tal, comprei uma MTB Trek aro 26, freios a disco, talvez mais de dez anos de uso mas estava novinha. Com as informações e dicas de vocês e minha facilidade com as ferramentas a bicicleta ficou perfeita e já rodei muito com ela.
Recentemente em maio, passado, quis fazer alguma parte do guia “Paraná I”, uma região que gosto muito e já havia visitado de moto antes. Tinha quinze dias de férias, li bastante o guia e pensei muito num melhor trajeto, queria viajar pelo menos dez dias.
Fui de carro até Itararé-SP, cidade da minha esposa, montei a bicicleta e fui sentido Paraná, cheguei até Antonina-PR, em cinco dias, andei muito por terra, de lá seguiria para Morretes e Curitiba. De lá seguindo o guia, porém acho que não estava bem preparado, então acabei ficando mais um dia em Antonina, no dia seguinte retornando de ônibus até Ourinhos, que fica perto de Piraju.
Essa minha pequena viagem que fiz sozinho foi fantástica, mal conseguia acreditar que fui tão longe pelas minhas próprias pernas, só a bicicleta pode dar esse sentido a uma viagem.
Pois bem, hoje tenho trinta e quatro anos, estou em união estável á nove, e também tento trazer minha companheira para esse mundo, por mais que seja difícil! Risos! Ela também é fã de vocês, sempre assistimos os novos vídeos juntos e aos fins de semana pedalamos até cidades vizinhas.
Agora eis o motivo de lhes escrever hoje. Se lembram um tempo atrás, um carro prata parado quando saíam de motor home da rotatória de Timburi-SP? O motorista ascenou contentemente como se conhecesse pessoalmente? Ou sábado passado, dia 19/06/21, umas nove da manhã uma viatura PM-SP passou por vocês em Sarutaiá-SP? Quando vi vocês não acreditei…meu coração até disparou e pensei, se eu parar o que vou dizer? Sou tímido, caipira do interior! Risos! É tanta coisa que nem sei por onde começar! Talvez no fundo eu só quisesse agradecer, profundamente por tudo que já aprendi com vocês, pelo conhecimento que passaram e pelas experiências que compartilharam, me sinto hoje uma pessoa de novas ideias e concepções.
Meu muito obrigado meus amigos Olinto e Rafaela, contem comigo no que precisarem, um forte abraço.
Marco Antonio Angelo de Souza
Piraju, Vinte e um de junho de 2021