Mídia X Olhar do Cicloturista: qual é o mundo real

qual é o mundo real no cicloturismo

Mídia X Olhar do Cicloturista: qual é o mundo real

Quando terminei a volta ao mundo de bicicleta, me senti cheio de energia para uma nova aventura: divulgar essa forma de viajar que me levou para lugares além dos meus sonhos. Mas será que realmente eu estava disposto a fazer qualquer coisa por essa causa?

Neste vídeo conto as dificuldades que enfrentei para buscar colocação no mercado de trabalho após terminar a viagem e, de quebra, todas fofocas de bastidores dos programas de TV em que estive nos anos 90.

Clique na imagem pra assistir: vamos falar de coisa seria, mas rir muito também 😉


Uma breve história da volta pra casa

Quem já leu o livro No Guidão da Liberdade sabe que a decisão de fazer uma volta ao mundo não aconteceu em um momento específico. Na verdade, depois que comecei a viagem pela Europa e percebi o que era realmente o cicloturismo, é que eu me apaixonei por essa forma de viajar.

Na época, eu já percebi que a experiência de fazer uma volta ao mundo de bicicleta iria sobrepujar qualquer outra experiência minha e iria determinar minha vida. Mesmo que eu voltasse a advogar e ficasse até famoso profissionalmente, eu iria ser sempre o advogado que fez a volta ao mundo de bicicleta.

Nessa experiência, eu fiquei muito isolado do Brasil. Não havia internet e eu fiquei desconectado de tudo. Quando voltei, o país era outro: já com 3 anos de plano real, o país era mais rico e aberto ao mundo em todos os sentidos, inclusive na aventura.

Andar de bicicleta é algo que quase todo mundo aprende enquanto é criança. Mesmo assim, o fato de eu ter pedalado tanto, por tantos países, fascinava as pessoas que, por falta de outro adjetivo, geralmente me chamavam de louco.

Eu sabia bem o quanto o cicloturismo era acessível. Por isso, em vez de adotar um discurso de que eu era “o bom”, eu queria mesmo era divulgar as características de viajar de bicicleta. Se até eu consegui viajar, qualquer um poderia realizar grandes sonhos de viagem de aventura.

Mas para conseguir divulgar o cicloturismo eu precisava atingir muitas pessoas. E como fazer isso antes da internet e das redes sociais? Na época eu dependia da mídia tradicional: TV, rádio, jornais e revistas.

O interessante é que, apesar de não haver um algoritmo que privilegia “clickbait”, a mídia fazia a mesma coisa, privilegiando o que fosse mais popular ou dramático. Mesmo que eu falasse um monte das maravilhas da viagem, o que os caras acabavam publicando era sempre o mesmo: números e tragédias. É incrível como os jornalistas faziam sempre as mesmas perguntas…
 
Nesse momento, senti que tinha me tornado um “protagonista da informação”. Não era comum alguém, através da TV, poder conversar com tantas pessoas. Então eu levei muito a sério cada palavra dita, pois eu queria que a ideia de viajar de bicicleta chegasse o mais longe possível e encontrasse um terreno bom para florescer. Essa era minha missão naquele momento de assédio da mídia.

Felizmente, apesar da mídia privilegiar o popular e dramático, às vezes eu conseguia passar mensagens mais importantes.
 
No fundo, sabemos que a tragédia vende mais: o jornal certamente vai vender mais se tiver impresso na capa a tragédia. Da mesma forma, o algoritmo da internet trabalha para atrair mais a atenção das pessoas, e isso acontece com todos nós, inclusive comigo…

Por isso eu me policio para controlar minha mídia social e retiro da lista o que não quero ver, assim como me inscrevo e dou “like” naquilo que me faz bem e que me faz crescer em coragem e esperança. Veja, não é questão de ser sectário, mas de resistir ao instinto natural de ver tragédia e desgraça…

O problema aumenta quando a gente começa a acreditar que o mundo é só o que vemos nos jornais e na rede social… E como a maioria das pessoas está dependente da mídia para adquirir conhecimento, é provável que pensem de forma parecida.

Eu tinha ficado viajando por 3,5 anos sempre acampando, e minha visão de mundo ficou longe do senso comum. Meu desafio foi colocar a prova o que eu tinha aprendido nestes 3,5 anos. O que do mundo real, visto sobre uma bicicleta, valeria para o mundo dito real, no dia a dia? Será que são mundos realmente diferentes?

Isso gerou um conflito muito grande em minha mente, pois quanto mais eu conversava com as pessoas, menos eu conseguia juntar os dois mundos…

Enfim, assistindo ao vídeo, poderá compreender que caminho tomei que me fez chegar onde estamos hoje em nosso Projeto de Cicloturismo no Brasil.

qual é o mundo real

Adquira nossas publicações e tenha acesso a conteúdo de qualidade para planejar e realizar sua viagem de bicicleta!