MAPEANDO o CAMINHO da FÉ
A Renata Falzoni foi a primeira pessoa que me falou do Caminho da Fé. Mas foi somente quando o André Fehlauer me contou de sua viagem pelo Caminho, que fiquei com vontade de mapear. Acho que o fascínio de suas experiências e a alegria com que narrava os acontecimentos foram minha grande empolgação. Eu estava justamente saindo para fazer os levantamentos do Guia da Mantiqueira e já tinha bem certo que meu segundo guia seria sobre o Caminho da Fé. André me disse que as pessoas pedem uma credencial em qualquer cidade do Caminho da Fé e vão carimbando pelo percurso em cada pousada que passam até chegar a Aparecida, onde podem pedir um certificado.
Já faz um mês que estou mapeando o Caminho. Vim com muitas expectativas, mas acabei percebendo que o Caminho estava muito além delas. Em abril 2007 houve algumas alterações e o trajeto ficou um pouco maior (quase de 500 km), além do que, surgiram duas opções para o início, uma em Descalvado e outra em Mococa. Claro, nas primeiras cidades do percurso, o Caminho ainda não faz tanto parte do dia a dia das pessoas como já faz em outras cidades que pertencem ao Caminho desde seu início. De toda a forma, já nas primeiras pedaladas, pude perceber o esmero com que tanta gente trabalhou para escolher e marcar todos aqueles belos caminhos.
Como vivo em um motor-home tenho sempre que fazer o caminho duas vezes, ou seja, ir e voltar para minha casa ambulante. Para voltar, acabo sempre optando por outro caminho e aí percebo o quanto foi bem escolhida a rota do Caminho da Fé. Mesmo em regiões complicadas, com cidades de médio porte e entediantes plantações de cana, o caminho passa por lugares agradáveis fugindo até mesmo das tantas rodovias que existem na região (não completamente).
A par da beleza das paisagens, o que mais gosto é o convívio com as pessoas do interior com sua simplicidade cativante. Meu amigo Walter Magalhães tinha acabado de fazer parte do Caminho e me deu a dica de visitar uma das pousadas para conhecer Dona Cidinha. “- Olinto, você tem que visitar a pousada da Dona Cidinha”, disse ele.
Bem, o Caminho da Fé já recebeu milhares de peregrinos, por isso eu duvidava que algum dono de pousada pudesse ser assim tão especial. Geralmente as pessoas se acostumam com tantas pessoas passando e logo tratam todo mundo de uma forma corriqueira. Mas, como era o Walter, um amigo e um cicloturista, tinha que verificar. A pousada fica no alto de um morro com estrada íngreme e pedregosa. Quando cheguei no topo, ainda fiz um lanche bem tranqüilo apreciando o belo visual, depois cheguei na casa para uma visita. A pousada nada mais é que um sítio de interior um pouco melhorado para receber alguns peregrinos. Primeiro vi o marido e um outro peregrino que após fazer o Caminho a pé, veio de carro trazer a família para conhecer. Logo chamaram a Dona Cidinha, pois havia chegado mais um peregrino. Já comecei a ver que algo nesta pousada era diferente.
Dona Cidinha parou o que fazia e veio em minha direção. Sua primeira atitude foi me abraçar. E não foi um abraço comum, foi um abraço sincero e me senti abraçado mesmo. Como se fosse por um amigo de longa data. Neste momento já tive a certeza que ela era uma pessoa pra lá de especial. Realmente fiquei emocionado em conhecê-la e quando saí eu já tinha o olho cheio de água, por suas lições de simplicidade, humildade e carinho com todos os peregrinos. Espero que ela continue sempre assim…
Finalmente, tenho que mencionar a coisa mais especial do Caminho que o torna tão interessante e faz dele o verdadeiro Caminho de Santiago do Brasil. Acho que o mais importante é a figura do peregrino, as pessoas que vem para fazer o caminho e que trazem consigo a melhor das lições, o desejo de viver o caminho e aprender com os obstáculos de cada dia, o convívio com estas pessoas me anima muito e me faz seguir em frente com muito mais força e um sorriso no rosto.
Venha para o Caminho da Fé!
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