CONCEITO de CICLOTURISMO
Em todos os nossos Guias para Cicloturismo e Caminhada você encontrará um capítulo completo com dicas para se preparar para sua viagem. Transcrevemos algumas delas aqui.
Minha concepção de cicloturismo está profundamente ligada com minha experiência de vida e uma viagem de 3 anos e meio com bicicleta onde percorri 46.620 km em 34 países de 4 continentes.
Cicloturismo, nada mais é que fazer turismo utilizando como veículo a bicicleta ou viajar de bicicleta.
Poderia dizer que a característica básica é percorrer longas distâncias com a bicicleta, já que para pequenas distâncias seria chamado passeio ciclístico.
A marca registrada do cicloturista é a carga na bicicleta. Se deseja percorrer locais bem desenvolvidos turisticamente e pretende hospedar-se em hotéis ou pousadas, o volume a ser carregado será pequeno. Se deseja estar auto suficiente para percorrer áreas selvagens ou desoladas o volume é bem maior, utilizando inclusive bagageiros especiais na roda da frente e no guidão. Entretanto, a característica primordial do cicloturismo é a mudança da concepção do exercício físico, ou seja, o cicloturista não está procurando recordes ou grandes velocidades, ele está procurando desafio, recreação e conhecimento.
Esta forma despreocupada de exercitar é que fez com que um advogado barrigudo, como eu, adquirisse forma física boa o bastante para fazer uma volta ao mundo em bicicleta. Comprei uma bicicleta para perder a barriga e pedalava uma hora por dia (10 km). Nos finais de semana, fazia pequenas viagens pelas cidades vizinhas a Curitiba (onde morava). A bicicleta transformava uma viagem a um rumo já bastante conhecido em uma pequena aventura e conseqüentemente sentia uma pequena vitória ao concluir com êxito o percurso. Isto preenchia meus finais de semana e me animava a treinar mais e mais no meio de semana, pois eu tinha um objetivo para meu treinamento.
O cicloturismo enquanto forma de viajar é fascinante, pois a bicicleta tem uma “magia especial” que atrai as pessoas. Diferente de qualquer outro veículo. Quando chegava às localidades com minha bicicleta carregada eu atraía a atenção das pessoas que vinham conversar comigo para saber mais sobre o que estava fazendo (mesmo debaixo da Torre Eifel, 5 parisienses vieram falar comigo). Nesta hora, a bicicleta realiza um papel marcante de forçar o relacionamento com as pessoas do local, sendo assim, o viajante tem a oportunidade de conhecer mais sobre o país e as pessoas que são muito mais que os lugares, pois tem verdadeiros universos dentro de si.
A viagem de bicicleta será considerada “cicloturismo de aventura” todas as vezes em que o trajeto escolhido passar por regiões desoladas ou de alto risco. Mais uma vez, o cicloturismo se sobressai entre os esportes de aventura, pois além de desenvolver no homem a coragem, ele provoca uma introspecção muito grande (a cadência do pedalar é como um mantra sendo repetido de forma constante e rítmica). Quando atravessamos uma planície logo estamos em meditação.
A introspecção provocada pelas travessias de áreas desoladas leva o aventureiro a um conhecimento que está muito além de novas línguas, costumes e povos. Leva o homem a uma viagem interna de auto conhecimento. Mais que os desafios do mundo o cicluturista enfrenta a si mesmo. Para mim o homem é sua última fronteira.
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